Orgulho.

agosto 02, 2019

    Hoje eu estava no ponto de ônibus, como em todos os outros dias da minha vida, rs, o drama não demora em aparecer quando sou eu contando algo, e comecei a cantar uma música. Eu estava sem fone de ouvido, mas cantando mesmo assim e batendo o pé em resposta ao ritmo que estava na minha cabeça à uns dois dias.
    Olhei ao redor e vi as pessoas distribuindo panfleto, outra veio me oferecer bala, outros esperavam, assim como eu, o ônibus atrasado. O sol à pino, umas 11hrs da manhã e o centro borbulhando de pessoas correndo, trabalhando, pedindo, vivendo.
    Nunca gostei daqueles livros "orgânicos", como O Cortiço, mas me vi dentro da mente de um escritor semelhante. As pessoas suadas, cansadas, batendo os panfletos agoniadas para se livrar deles, mas com olheiros a tira-colo, pessoas com fone, so querendo fugir um pouco, buzinas apressadas, um cara cuspiu no chão, uma mulher se agarrava a tantas sacolas que eu nem conseguia contar, a cara de resignação.
    E eu senti os diversos sons da rua começarem a se misturar na mesma batida que estava na minha cabeça, mas a letra continuava a se encaixar como se aquele fosse seu verdadeiro ritmo, rico, preenchedor, cheio de história, cheio de expectativa, cheio de sonho, cheio de luta.
    Não sei de onde ele veio, podia estar só escondido, pensei no que falavam de nós latinos e pensei que era verdade, deve ter sido assim. Senti orgulho. Orgulho de fazer parte dessa luta diária, de poder observar esses guerreiros silencioso, da sobrevivência, orgulho de poder estar ali, sentindo sua força. Orgulho de ser.
    E então, meu ônibus chegou e eu precisava compartilhar isso em algum lugar.
    É isso só.

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