Questionável.

abril 22, 2023

    Esses dias eu estava pensando naquela antiga máxima de que precisamos realizar três coisas antes de partir desse mundo.

    E em como não falamos mais sobre elas.

    Segundo a crença popular, devemos plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho antes de morrermos. Conheço algumas pessoas que não planejam completar nenhum destes itens. Isso faz delas mais perdidas do que as que seguem o script? Ou quem segue o script é que está perdido porque precisa de uma lista feita, por outras pessoas, para regular a própria vida? Ou ainda, um terceiro caso, pessoas que não fazem pelos outros, mas, porque acham filosófico, e são taxadas de sem auto-crítica por seguir uma crença popular? Por que o mundo é tão complexo e as pessoas são tão juízas da vida alheia?

    Por que buscamos pessoas que não seguiram roteiro, pensaram fora da caixa, para fazer igual? Isso não quebra o próprio conceito de não seguir uma receita? Precisamos de inspirações ou instruções? Ao mesmo tempo, não é valorizada aquela pessoa que lê o manual e consegue  o sucesso rápido, com menos esforço e desgaste, porque seguiu o simples e otimizou o tempo? Bom, acho que então podemos entender que tudo depende. O destino final é de fato o que almejamos para nossas vidas ou fomos influenciados a pensar que seria o melhor?

    E quando o que é melhor para nós, de fato é o que sugeriram e não uma ideia extravagante que tínhamos por falta de vivência? Perdemos tempo? Será que fazer todas essas perguntas me aproxima mais de uma mente menos influenciável ou me faz sempre correr em círculos sem chegar à respostas? Eu gostaria de fazer todas as três coisas da lista. Elas se encaixam em partes diferentes do meu quebra-cabeça. Se conectam, individualmente, ao meu todo.

    Cuidar das plantinhas no meu pequeno apartamento me faz tão bem. Cheiros de orvalho, frutas, temperos, terra molhada. Fazer, intrinsecamente, parte do processo de criação daquele bem estar que agora desfruta. A paz que um cheiro de limoeiro em uma manhã fresquinha e silenciosa pode trazer. Isso só imagino ainda, mas, se eu plantar um pé de limoeiro, posso descobrir.

    Tenho um amigo que escreveu um livro aos catorze anos de idade, e eu tenho ele aqui em casa ainda hoje. Na época, eu achei incrível e admirável. Ele nunca mais publicou nada. Na época, eu quis escrever um livro também. Mantínhamos uma certa competitividade amigável em outras áreas da vida, pode ter sido esse o gatilho. Como sempre gostei muito de ler, hábito que hoje retomo com muita alegria, é natural que a vontade de escrever surgisse também. Não pensei mais em escrever livros em si, mas, já estou eu aqui escrevendo uma postagem tão longa que muitos não vão ler até o final. Porque não, escrever um livro que poucos vão ler também?

    Quanto à filhos, eu sempre quis tê-los. Sonho com casas no campo, família grande, cachorros correndo no quintal, gatos nas estantes empoeiradas de livros, cheiro de frutas no jardim, crianças correndo na grama e sujando o chão limpo de verde, música baixa ao fundo e uma cozinha cheia de especiarias.

    Essa lista se encaixa naturalmente, como os instrumentos em uma sinfonia.


Obrigada por lerem até aqui. 


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